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Quando Resolvi Fazer um Intercâmbio por Mauricio Rubin Parizotto

Quando resolvi fazer um intercâmbio, com ele veio um turbilhão de perguntas sem respostas, do tipo “Vale a pena largar tudo? Vale a pena o investimento? Vale a pena o risco?”, e essas perguntas me torturaram por toda a fase preparatória para a viagem. Mas, confiante na famosa frase de que “uma viagem ajuda a se encontrar consigo mesmo”, que não fazia muito sentido, segui em frente.

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Todos temos coisas a perder, e uma mudança repentina na vida traz consigo perdas e ganhos que jamais imaginaríamos. Abri mão de coisas, oportunidades e pessoas que amava,me torturando dia após dia com a dúvida de estar fazendo a coisa certa.

Chegando aqui, vejo um mundo novo, cultura, língua, comida, comportamento das pessoas, tudo diferente. De uma hora pra outra, acordar às 5 da manhã todos os dias, trabalhar em obra, sofrer até para ir ao mercado por não poder falar com o atendente, se tornou uma coisa normal…

Ao mesmo tempo que descobri que eu não era tão bom quanto pensava quando estava na minha zona de conforto, descobri que somos mais fortes do que imaginamos, também. Quando menos se espera, nos vemos fazendo coisas e superando obstáculos que nunca conseguiriamos, e agora com uma diferença: longe da família, amigos, amores, de todos. É a vida lhe mostrando o quão dura ela pode ser, e exigindo de você uma resposta, uma reação a tudo isso.

A roda de amigos deixa de falar sobre festas ou mulheres, e passa a falar sobre preço de sabão em pó, salário não pago ou quão duro foi o dia de trabalho. Problemas mesquinhos dão lugar a problemas reais: aluguel, comida, transporte, visto acabando, imigração complicando cada vez mais a situação de estrangeiros, colega de quarto roncando, pia cheia de louça, patrão exigente, às vezes sendo grosseiro em línguas que você nem compreende. Qualquer rei da balada de torna peão, qualquer vida boa descobre de onde tudo vem.

Orgulho, há esse tempo, já não existe mais. Não importa o trabalho, só preciso um que me sustente. Não importa a roupa, só precisa me aquecer. Não importa a casa, só precisa me abrigar. Não importa a comida, só precisa me alimentar no dia difícil.

Tudo isso somado com a dor da distância, que dia a dia nos corrói por dentro. Na nossa zona de conforto, vivemos rodeados de amigos, incontáveis. Alguns que se dizem não viver sem nossa presença. Amores decididos a levar uma vida ao seu lado, amigos encorajados a te seguir em qualquer lugar do mundo. E lá vem a vida, que com um golpe certeiro lhe derruba e lhe dá um recado explícito: O mundo não pára porque você está aqui, meu filho.

As pessoas seguem suas vidas, seus incontáveis amigos viram unidades, você conhece novos, que lhe ajudam nos momentos mais difíceis dessa nova vida, o mundo vai girando, você perde contato com pessoas que ama, se vê deixado de lado por pessoas que lhe juravam amor eterno. Pessoas que nunca falaram com você, mostram preocupação, curiosidade, e se tornam bons amigos, enquanto algumas pessoas de quem se espera todo o apoio, somem.

Descobre que homem também chora, e chora como um bebê, quando a saudade, tristeza ou dúvida batem na porta. Aprende que sua família são as pessoas mais importantes que tem na vida, e eles nunca te abandonarão. E no meio dessa montanha-russa de sentimentos, se tira uma conclusão: – Só se perde o que não nos pertence. – Ninguém perde o que é realmente seu. Se pessoas se foram, isso não deve ser motivo de tristeza, mas de alívio.

A distância e o tempo só mostram quem se importa com você, só mostra as pessoas por quem você deve dar seu sangue, sua energia, sua preocupação. Dê às pessoas tempo e distância, e saberá quem está do seu lado. E isso deve ser motivo de felicidade, sabendo que só restam as pessoas que se importam conosco, e nessas devemos depositar todo nosso amor e energia.

Descobre-se que o tempo é a coisa mais valiosa que temos. Tendo o salário pago por hora, percebe-se na mais pura forma, que os empregadores lhe compram tempo de vida. E o pior, fica nítido o fato de que quando se compra algo, não se paga com dinheiro, mas com nossas preciosas horas de vida. Tempo esse que poderia ser aproveitado para fazer o que se gosta.

Um dia sem trabalho às vezes deixa de ser uma preocupação, a reflexão é: EU estou comprando meu tempo hoje. E uma vez visto o quão valioso é o nosso tempo, dormir se torna uma perda de tempo, um dia sem risadas, sem um passeio, sem fazer algo que gostamos, é um dia perdido no vácuo do tempo. E a pergunta é: Quanto vale a hora de vida de um jovem cheio de energia?

Com base nessa pergunta, passamos a nos perguntar a que ponto vale a pena trabalhar tanto esperando uma boa aposentadoria, uma “segurança”. Eu estava seguro no Brasil, com uma faculdade na reta final e um emprego bom e estável. Porém, essa vida me impossibilitava de usar meu tempo como gostaria, e não me fazia plenamente feliz. Somos vítimas de uma sociedade que nos ensina o padrão de sucesso, e faz aceitarmos no nosso subconsciente que devemos estudar e trabalhar o máximo que pudermos, e que sem cursar direito, engenharia ou medicina, jamais seremos ricos. Ricos. Como se a riqueza fosse a solução de tudo. Nunca fui tão pobre, e nunca fui tão feliz.

Na minha universidade, via 90% dos alunos somente preocupados com a aprovação nas matérias. No trabalho, colegas insatisfeitos com salário, pressão, etc. É essa a vida que eu deveria continuar levando pra ser bem sucedido?

É isso que a sociedade tenta nos ensinar?

Se assim for, pare o trem que eu quero descer.

Já percebi que não ir à uma universidade, e dedicar esse tempo à ler coisas que realmente me chamam atenção, me trazem muito mais conhecimento do que “empurrar com a barriga” um curso universitário, mesmo tendo boas notas no currículo acadêmico.

Minha hora de aposentadoria não vale mais do que minha hora de juventude, muito pelo contrário. Vejo histórias de pessoas gastando todo seu tempo e energia para construir impérios, e depois não tendo saúde, energia ou vontade de gastar seu próprio dinheiro.

Hoje vejo que as pessoas mais bem sucedidas que eu conheci, na verdade estão dentro de uma gaiola, trancados, e cegos ao ponto de darem palestra para jovens conseguirem ser como eles. Porém, na velhice, são os mesmos que se arrependem de não ter dedicado mais tempo a família e aos sonhos. Basta analisar as respostas de doentes terminais às perguntas relacionadas a esse assunto.

Qual o lado bom de ganhar dinheiro, se você precisa gastar sua fortuna com funcionários para cuidar de seus filhos, médicos pra tratarem seus problemas de saúde, carro do ano que só faz o trajeto casa-trabalho, mansão que só entra para dormir, após tomar algumas pílulas?

E, após todas essas reflexões, talvez tolas, noto que a frase “uma viagem ajuda a se encontrar consigo mesmo”, nunca fez tanto sentido. Me encontrei comigo mesmo, me dei um tapa na cara e me mostrei as coisas que têm real valor.

Hoje não sonho com uma mansão que atraia centenas de pessoas para fazer festa e desfrutar do ambiente, mas uma casa simples, que tenha sossego e só atraia visitas que sentirem minha falta, e quiserem ir me visitar.

Não quero um trabalho que ganhe milhões, com status e que cause inveja, mas sim um trabalho em que me sinta livre, igual aos demais colegas e que não tenha vínculos o suficiente para me prender o resto da vida.

Não quero amigos para tomar a vodka mais cara, na festa mais cara, e sim amigos que sentem comigo na calçada da esquina pra tomar um vinho barato, e mesmo assim, rolar de rir à noite toda contando histórias e desenterrando lembranças.

Ja não quero uma mulher linda, rica, que cause inveja. Quero uma mulher simples, que ame estar ao meu lado, que goste do meu sorriso e das minhas piadas, que viva sorrindo e lembrando como gosta de estar comigo.

Padrões mudam, objetivos mudam, tudo muda. Coloque a felicidade em frente aos seus planos, e não o dinheiro. E assim, nunca faltará felicidade nos seus dias.

Obrigado, Australia!

“My days were more exciting when I was penniless”

Texto de Mauricio Rubin Parizotto

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